Ontem dia 18/07 tive a oportunidade de fazer uma visita à uma Estação de Tratamento de Esgotos da (ETE) CEDAE e gostaria de relatar a minha experiência com vocês.
Primeiro queria dizer que agendar essa visita foi bem mais fácil do que imaginei. Entrei no site na sexta e agendei para segunda de manhã.
A CEDAE é uma empresa de capital misto, que conta com capital do Governo do Estado do Rio de Janeiro e de um Fundo de investimento chamado FECAM. A sede que eu visitei foi a do meu Bairro na Barra da Tijuca.
O programa visa implantar sistemas completos de esgotamento sanitário na Barra da Tijuca, em Jacarepaguá e no Recreio dos Bandeirantes.
Chegando lá, as pessoas responsáveis pelo atendimento não estavam presentes por motivos pessoais, porém eles providenciaram um funcionário de outra área chamado Eduardo (Analista de Qualidade) que foi muito atencioso e supriu com sobras a ausência dos responsáveis.
Ele me passou informações interessantes, explicando como funciona de maneira resumida nosso tratamento e os problemas que existem pela falta de consciência da nossa comunidade.
Primeiro é importante dizer que a água que abastece a nossa região vem de uma estação chamada ETA Guandu em Campo grande, que é a maior do mundo! E que o trabalho feito lá é muito eficaz.
Essa água tem um tratamento que a torna 100% aceitável para os mais altos padrões de qualidade. Existe a possibilidade de acontecerem problemas após a saída dessa água de lá, como soube do relato de um caso específico onde pessoas
passaram a reclamar da qualidade e do cheiro de suas aguas, e foi verificado após um vazamento, que uma residência estava ligando sua rede de esgoto a tubulação que abastecia a água dessa região. Porém a água do Rio de
Janeiro é considerada de muito boa qualidade( Pretendo agendar e fazer uma visita nessa estação afim de obter melhores informações e poder compartilha-las com mais conhecimento a respeito desse assunto).
Após o uso dessa água é que entra o trabalho feito pela CEDAE na ETE Barra. Uma vez que teremos que devolver essa água com os padrões estabelecidos pela legislação específica, com o objetivo de minimizar o impacto na disposição do
esgoto sanitário.
Até o ano de 2009 nessa região não existia uma estação de tratamento, e por isso nossa legislação exigia que os grandes condomínios tratassem seus próprios esgotos. Devido a lançamentos irregulares que existiam nas lagoas e canais da
região, bem como os lançamentos fora dos padrões estabelecidos pela legislação, é que podemos observar a grande poluição nas lagoas e canais nos entornos dessa região.
Ouvi um relato tempos atrás onde um condomínio desligava sua estação afim de poupar os custos de energia e manutenção dessa ferramenta exigida por lei e com isso jogava de forma irregular seu esgoto no canal de Marapendi.
Após 2009 o esgoto deve ser encaminhado a ETE CEDAE pelas tubulações que foram implantadas.
A ETE Barra possui tratamento primário, que é constituído pelas seguintes etapas:
1- GRADEAMENTO, que consiste em recolher sólidos grosseiros, como: plásticos, embalagens de remédios, camisinhas, papel de balas etc...coisas que as pessoas inconscientemente despejam em lugares como por exemplo a privada sem a menor idéia de onde isso irá parar. Esse material será separado e enviado para o aterro sanitário de Gramacho.
2- CAIXA DE AREIA, onde é separada a areia que dificulta o funcionamento, gastando mais energia e podendo até entupir tubulações. Esse material é encaminhado para o aterro sanitário de Gramacho.
3-REMOVEDOR DE ESCUMA , é responsável pela remoção de óleos e graxas que chegam junto com o esgoto (material flotante). Esse material pode ser reaproveitado (ex. Produção de biodiesel) ou condicionado e disposto no aterro sanitário de Gramacho.
4- DECANTADOR, onde ocorre a sedimentação dos sólidos suspensos, removendo parte da matéria orgânica do esgoto. O lodo formado no decantador é enviado para um tanque de armazenamento, este lodo passa por uma centrífuga e depois por um secador térmico, após este processo o lodo seco é disposto no o aterro sanitário.
5-ELEVATÓRIA FINAL, o efluente do decantador passa por uma elevatória onde é bombeado para um tanque de equalização, a partir daqui o efluente segue por gravidade para o emissário submarino.
6- EMISSÁRIO SUBMARINO, é o ultimo estágio que leva esse efluente através de uma tubulação de 5 km de extensão mar adentro. No trecho final de 500 m, assentado à profundidade de 40 m, encontram-se os difusores que lançam os esgotos possibilitando grande mistura com a água do mar, reduzindo em 100 vezes sua concentração inicial. A seguir, ao mesmo tempo em que essa mistura sofre os efeitos das correntes e da turbulência do mar, ocorre o processo biológico de redução dos organismos vivos, acelerado pela salinidade e insolação.
Essa visita foi de grande valor para mim, pois pude constatar de perto como funciona esse tratamento e essa experiência por si só já mudou minha maneira de ver os problemas de poluição dessa região.
Gostaria de agradecer CEDAE e a boa vontade e atenção do funcionário Guilherme Reis na busca por um melhor entendimento do meio em que vivo.
Abraço a todos!
